24 de ago. de 2012

Getúlio: pai dos pobres ou mãe dos ricos?


O dia de hoje tem um significado muito importante na História Brasileira. Há 58 anos uma das figuras mais emblemáticas e polêmicas da política brasileira “saía da vida para entrar na História”. Getúlio Dorneles Vargas, gaúcho de São Borja, foi um dos presidentes mais amados e mais odiados de toda a política nacional. Responsável direto pela Revolução (ou golpe, para muitos) de 1930, quando a chamada “Política Café-com-leite” ou República Velha foi derrubada, assumiu o poder provisoriamente, mas acabou por dar um golpe dentro do golpe, criando o Estado Novo (1937-1945), uma espécie de regime de exceção que tornou seu governo provisório uma ditadura de 15 anos.

Getúlio, a partir de meados da década de 1930, flertou com os regimes fascistas europeus e com o populismo também com tendências fascistas de Juan Perón. A cooperação entre o Estado brasileiro e a Itália e a Alemanha era tanto que o Brasil chegou a adotar aspectos da política eugênica nazista por aqui. Outro grande demonstrativo desta ‘amizade colorida’ foi a recusa de vistos por parte do Brasil a judeus oriundos da Europa do pré-II Guerra Mundial.
A partir do início da década de 40 Vargas, percebendo que os regimes europeus não terão muito futuro, cede às investidas do governo estadunidense, saindo da neutralidade e passando a integrar as tropas aliadas a partir de 1942, após navios brasileiro serem afundados por submarinos alemães. A partir daí, é imposta a política nacionalista de Vargas, onde todas as colônias alemãs, italianas e japonesas são proibidas de falar o seu idioma, além da mudança de nome de clubes, agremiações e demais associações ligadas a estas populações de imigrantes. Muitos são os relatos de abusos e perseguições cometidos por parte da polícia brasileira contra os habitantes destas colônias, além de casos de implantação de campos de trabalho forçado, aos moldes dos campos de concentração nazistas, para onde foram levadas muitas famílias de imigrantes do eixo.
Getúlio também ficou conhecido como ‘o pai dos pobres’, por garantir à classe trabalhadora benefícios que estes jamais sonharam, a partir da aprovação das leis trabalhistas que garantia, entre outros benefícios, o salário mínimo e as férias remuneradas. Além disso, a criação de grandes empresas, como a CSN e a Petrobrás, trouxe uma grande modernização ao país. A figura do Doutor Getúlio, como era conhecido, ficou tão marcada no imaginário popular que, em 1951, voltou ao poder, desta vez através do voto popular.  As coisas não estavam muito bem, pois este novo governo de Vargas promoveu reformas que desagradaram determinados setores, principalmente os militares. Pressionado pelas forças armadas a renunciar, Vargas toma uma última decisão. Tranca-se em seu quarto no Palácio do Catete, então residência presidencial, e suicida-se com um tiro no peito. Muitos historiadores afirmam que este último ato de Vargas acabou por adiar o golpe militar em uma década, pois não havendo a renúncia, como queriam os militares, e com a população tomada pela comoção do suicídio do presidente, seria muito mais complicado obter aprovação e apoio para um governo militar no período.  
Como figura histórica, Vargas ocupa um lugar de destaque na memória da população brasileira. Como político, teve atuação dúbia e muitas vezes incoerente, mas não pode-se deixar de reconhecer o valor deste gaúcho baixinho para a História do Brasil.